TRADIÇÓES
O DIA DA ESPIGA
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O dia da espiga tem origens pagãs da era pré – cristã. Julga – se que esta ligação com a Natureza vem dos tempos da antiguidade e está a associada a entidades mitológicas como Ceres (1) ou Flora (2), entre outras, das muitas civilizações que deram origem ao nosso mundo.
Era comum, naqueles tempos, fazerem – se oferendas às divindades da fertilidade, dedicando – lhes, por exemplo, a primeira espiga de trigo da colheita.
Também existiam povos que relacionavam estas festividades com as espigas de milho e aí, a coisa era diferente. Por se julgar que o espírito do milho se encontrava nos campos e, com medo de o destruir, “quando chegava a altura de colher a última espiga, tratavam – na como se fosse uma pessoa. Embrulhavam – na ou esculpiam […] um ídolo, fazendo uma espécie de boneca […]. A boneca de milho era levada numa procissão para o celeiro ou para casa […] onde era realizada a ceia da colheita, e ali ficava embrulhada durante o Inverno. Em Janeiro voltavam a pô – la no solo, pronta para fazer um novo “milagre” com a próxima colheita.”
Com o advento do cristianismo, nasceu o ritual (de raízes pagãs, claro!) de abençoar os primeiros frutos do ano e de, no início das colheitas, se ir ao campo e colher “um ramo de espigas” que se colocava por trás da porta de entrada, com o objectivo de assegurar prosperidade e saúde durante o ano.
Quanto às datas da comemoração também existiam algumas diferenças. Em algumas localidades do nosso país o “dia da Espiga” festeja – se na primeira semana de Maio. Porém, na maior parte de Portugal, ele é comemorado de acordo com o calendário litúrgico, louvando – se o mesmo a partir do 40º. Dia após a Páscoa, indo ao encontro da celebração católica da “Ascensão de Cristo ao Céu”.
Mas afinal, como era ele festejado? Bom! Em tempos idos, era costume, logo de manhãzinha, os rapazes e as raparigas irem para o campo apanhar a “espiga” (de vários cereais), flores campestres e juntarem – nos a ramos de oliveira, formando com tudo isto um pequeno “bouquet” de sol e primavera.
Após a colheita, estendiam – se toalhas no chão e nelas colocavam – se os “lanches” trazidos de casa. A seguir à refeição, os adultos, que acompanhavam os jovens, acabavam por dormir uma “sestinha” (daí este dia ser muitas vezes confundido com o “Dia das Sestas”), enquanto os mais novos aproveitavam para namoriscar ou conviver um pouco mais do que lhes era permitido pelas “condutas de moral”, vigentes em épocas atrás.
Mas este ramo de espiga é, todo ele, um conjunto de símbolos que, mais não seja, lembram ao homem uma série de símbolos que a Natureza ensina, como mãe que é e que poderão perder – se. Mas vejamos: a “espiga” que tradicionalmente é de trigo mas que também pode ser de cevada ou de centeio, simboliza o “pão” e, por consequência, a abundância de comida numa casa. Tal como diziam os antigos: “que nunca falte pão à nossa mesa”: o “ramo de oliveira” simboliza a “paz” e lembremo – nos da “pomba do Espírito Santo” que traz no bico um ramo de oliveira. Todavia, também significa a “luz” – quer divina, quer a que iluminava as casas antigamente; depois temos a “papoila” vermelha como o “sangue”, que representa a “vida”; o “malmequer branco” que figura a “prata” e a “lua”; e o “malmequer amarelo”, que se traduz pelo ouro e pelo “Sol”. Em algumas regiões ainda se coloca “um galho de oliveira e um pé de alecrim ou uma rosa para atrair o amor”.
Esta tradição tem vindo a desaparecer com o passar dos anos Quem sabe se nós, os que ainda vivemos este dia intensamente, termos hipótese de não deixar “cair” este costume?
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(1) Filha de Saturno e de Cibele, deusa latina da agricultura, identificada mais tarde Deméter grega.
(2) Deusa das flores e dos jardins, amante de zéfiro e mãe da Primavera
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O dia da espiga tem origens pagãs da era pré – cristã. Julga – se que esta ligação com a Natureza vem dos tempos da antiguidade e está a associada a entidades mitológicas como Ceres (1) ou Flora (2), entre outras, das muitas civilizações que deram origem ao nosso mundo.
Era comum, naqueles tempos, fazerem – se oferendas às divindades da fertilidade, dedicando – lhes, por exemplo, a primeira espiga de trigo da colheita.
Também existiam povos que relacionavam estas festividades com as espigas de milho e aí, a coisa era diferente. Por se julgar que o espírito do milho se encontrava nos campos e, com medo de o destruir, “quando chegava a altura de colher a última espiga, tratavam – na como se fosse uma pessoa. Embrulhavam – na ou esculpiam […] um ídolo, fazendo uma espécie de boneca […]. A boneca de milho era levada numa procissão para o celeiro ou para casa […] onde era realizada a ceia da colheita, e ali ficava embrulhada durante o Inverno. Em Janeiro voltavam a pô – la no solo, pronta para fazer um novo “milagre” com a próxima colheita.”
Com o advento do cristianismo, nasceu o ritual (de raízes pagãs, claro!) de abençoar os primeiros frutos do ano e de, no início das colheitas, se ir ao campo e colher “um ramo de espigas” que se colocava por trás da porta de entrada, com o objectivo de assegurar prosperidade e saúde durante o ano.
Quanto às datas da comemoração também existiam algumas diferenças. Em algumas localidades do nosso país o “dia da Espiga” festeja – se na primeira semana de Maio. Porém, na maior parte de Portugal, ele é comemorado de acordo com o calendário litúrgico, louvando – se o mesmo a partir do 40º. Dia após a Páscoa, indo ao encontro da celebração católica da “Ascensão de Cristo ao Céu”.
Mas afinal, como era ele festejado? Bom! Em tempos idos, era costume, logo de manhãzinha, os rapazes e as raparigas irem para o campo apanhar a “espiga” (de vários cereais), flores campestres e juntarem – nos a ramos de oliveira, formando com tudo isto um pequeno “bouquet” de sol e primavera.
Após a colheita, estendiam – se toalhas no chão e nelas colocavam – se os “lanches” trazidos de casa. A seguir à refeição, os adultos, que acompanhavam os jovens, acabavam por dormir uma “sestinha” (daí este dia ser muitas vezes confundido com o “Dia das Sestas”), enquanto os mais novos aproveitavam para namoriscar ou conviver um pouco mais do que lhes era permitido pelas “condutas de moral”, vigentes em épocas atrás.
Mas este ramo de espiga é, todo ele, um conjunto de símbolos que, mais não seja, lembram ao homem uma série de símbolos que a Natureza ensina, como mãe que é e que poderão perder – se. Mas vejamos: a “espiga” que tradicionalmente é de trigo mas que também pode ser de cevada ou de centeio, simboliza o “pão” e, por consequência, a abundância de comida numa casa. Tal como diziam os antigos: “que nunca falte pão à nossa mesa”: o “ramo de oliveira” simboliza a “paz” e lembremo – nos da “pomba do Espírito Santo” que traz no bico um ramo de oliveira. Todavia, também significa a “luz” – quer divina, quer a que iluminava as casas antigamente; depois temos a “papoila” vermelha como o “sangue”, que representa a “vida”; o “malmequer branco” que figura a “prata” e a “lua”; e o “malmequer amarelo”, que se traduz pelo ouro e pelo “Sol”. Em algumas regiões ainda se coloca “um galho de oliveira e um pé de alecrim ou uma rosa para atrair o amor”.
Esta tradição tem vindo a desaparecer com o passar dos anos Quem sabe se nós, os que ainda vivemos este dia intensamente, termos hipótese de não deixar “cair” este costume?
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(1) Filha de Saturno e de Cibele, deusa latina da agricultura, identificada mais tarde Deméter grega.
(2) Deusa das flores e dos jardins, amante de zéfiro e mãe da Primavera